top of page
Foto do escritorVanice Jeronymo

A CASA DESPROVIDA DE EXCESSOS TAMBÉM É YOGA


Aparigraha, o quinto Yama, nos ensina o exercício do desapego, ensinamento que pode ser aplicado em todos os campos da vida, inclusive na organização de nossos ambientes domésticos



Como vimos nos posts anteriores, o quinto Yama do Yoga - aparigraha - traz ensinamentos sobre o exercício de praticar o desapego. Como sabemos também, o Yoga é um processo de evolução da consciência individual no sentido de unificá-la à Consciência Universal e à libertação dos sofrimentos. Portanto, praticar aparigraha é algo que exige coragem, persistência e resiliência, pois trata-se de um difícil processo de, simplesmente, deixar ir aquilo que não cabe mais na vida.


Para isso, os processos de avaliação e os esforços para identificar os excessos são constantes. As decisões são difíceis, entretanto, uma vez tomadas, abrem-se os portais da libertação daquilo de que se está desapegando. Os excessos, de forma geral, independentemente de suas origens, são nocivos pois demandam desperdícios de tempo e de recursos financeiros e energéticos para mantê-los e a vida enxuta pode ser muito mais interessante e saudável.


Em termos espaciais, como propõe o título deste texto, aparigraha pode ser aplicado constantemente nos ambientes domésticos e essa atitude se desdobra e se reflete imediatamente no estados de espírito dos moradores. A identificação do excesso e a ação para remediá-lo promove bem-estar de várias maneiras.


A primeira delas pode ser fruto da ação de compartilhar, doar, disponibilizar para outros, sem sofrimento, algo que esteve sob domínio. A partir da remoção do excesso, experimenta-se a sensação proveniente da abertura do espaço e isso se relaciona com o desbloqueio e resulta na desestagnação espacial e energética do ambiente. Com o vazio cria-se a possibilidade de fazer circular e a oportunidade para criar, e assim dão-se movimentos importantes para a saúde e para o bem-estar.


No caso específico de eliminação de excessos materiais do ambiente doméstico, diminuem-se as responsabilidades para com a sua manutenção e limpeza, tornando-o mais prático e leve. O ambiente entulhado de coisas pessoais ou simplesmente entulhado de qualquer tipo de coisa ocupa, atrasa e tumultua não apenas o espaço, mas a vida como um todo ao impedir suas fruições leves e saudáveis.


Aparigraha praticado nos ambientes domésticos pode, inclusive, ajudar a enxergar coisas que geralmente não se vê. A primeira delas talvez seja a percepção da dimensão espacial mais próxima do real, maior do que se julgava ser. Sensações de liberdade e desprendimento podem ser geradas ao se remover coisas que remetem ao passado e não possuem serventia. Espaços vazios são mais salutares, permitem a circulação do ar fresco, da luz exterior e eliminam obstáculos físicos desnecessários.


A casa esvaziada de seus excessos é facilitadora para os movimentos, para o sentar-se e deitar-se no chão, andar descalço e para as novas relações que podem se dar entre o corpo e espaço, nas quais o segundo passa a permitir as ousadias do primeiro. O espaço doméstico desprovido dos excessos, sobretudo de mobiliários, facilmente se torna convite à prática de yoga e meditação.


Durante o processo, geralmente, emergem impulsos contrários ao desapego, como uma espécie de provação à determinação de praticar aparigraha. Entretanto, as escolhas conscientes mostram, rapidamente, que as coisas materiais que restaram são mais que suficientes para o viver bem, pois o essencial à vida está em nós.


Experimente, identifique o que lhe é excessivo, desbloqueie, renove-se.


Pratique Yoga, desperte e avance!


Om Shanti.


O sábio nada possui, nada mantém na memória mas serve a todos e com isso tudo possui. Já que continuamente se dá a todos; no fim, conquista o que nunca desejou.


(Aforismo 81 - Desapego - Tao Te Ching)











9 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page