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Foto do escritorVanice Jeronymo

ASANAS INVERTIDOS, PRATICÁ-LOS?


Praticante em Kapali asana, com variação das pernas



Asanas invertidos são posturas que proporcionam a inversão da ação da gravidade sobre o corpo. Em nossa cultura, a execução de asanas invertidos, especialmente do Sirshasana, a invertida sobre a cabeça, assume um caráter quase obrigatório quando se faz referência à prática do yoga. É muito frequente ouvir:


Você é praticante de yoga? Mas, você consegue ficar de cabeça para baixo?


A prática de executar as posturas (asanas) representa apenas um dos passos do Yoga, independentemente de serem invertidas ou não e, especialmente, as invertidas caracterizam apenas um grupo de posturas, entre tantos outros. Então, embora seja frequente, sobretudo no Ocidente, a compreensão do Yoga a partir da execução de asanas, isso não é o essencial.


Asanas invertidos são executados porque proporcionam o envio do fluxo sanguíneo para o cérebro e, assim, nutrem os neurônios e removem as toxinas. Dessa forma, o sangue e a linfa que se acumulam nos membros inferiores e abdome são drenados ao coração e enviados para os pulmões. Purificado e enriquecido, o sangue é distribuído para todas as partes do organismo e flui também pela glândula pituitária, otimizando seu funcionamento e tonificando o sistema endócrino como um todo e isso reflete nos processos metabólicos.


Além das posturas invertidas completas, nas quais o corpo assume a posição invertida integral, pés para cima, cabeça para baixo (ex. Sirshasana), também estão incluídas na categoria as posturas consideradas semi-invertidas, ou seja, aquelas nas quais a cabeça e o tronco estão na horizontal, mas os pés elevados acima da cabeça (Ex. Poorva Halasana, posição que antecede o Halasana, postura do arado) e aquelas nas quais a cabeça permanece abaixo do tronco (ex. Pada Hasthasana). Nesses casos a postura não é tão desafiadora quanto à integral, mas quando exige o esforço para manter a permanência, é necessário mais atenção (ex. Padothanasana, postura das pernas elevadas). Quando se utilizam apoios para as pernas, o esforço torna-se menor.


Praticante em Padothanasana, postura semi-invertida


Praticante em Padothanasana, postura semi-invertida, com apoio



Praticante em Pada Hasthasana, postura semi-invertida


Praticante em estágio preparatório para execução da invertida Sirshasana


Praticante em Halasana, postura do arado


Praticante em Viparita karani, postura invertida sobre os ombros, com inclinação das pernas


Benefícios voltados à melhora no raciocínio, concentração e meditação são também atribuídos à prática dos asanas invertidos. Entretanto, os riscos de provocar lesões e sequelas devido à execução da postura também são grandes e é necessário avaliar com muita cautela se a prática se faz imprescindível ou não. Não é recomendada a prática por pessoas que possuem pressão sanguínea elevada, problemas de coluna (em especial hérnia de disco), arteriosclerose, glaucoma, infecção no ouvido, doenças no cérebro, mulheres gestantes ou em período menstrual, assim como, por portadores de doenças que necessitem da limpeza periódica do sangue, antes de fazê-la.


Na execução da postura completa sobre a cabeça existe a possibilidade de sobrecarregar a coluna cervical com o peso do corpo. Há o risco de aumentar a pressão intraocular e provocar o rompimento de vasos sanguíneos. Em casos mais graves, pode ocorrer rompimento de vasos ou artérias, que resultam em sérios problemas neurológicos, dentre os quais, o acidente vascular cerebral (derrame). Nesses casos, a saúde do praticante fica permanentemente comprometida, pois habilidades motoras são afetadas e a vida passa a ser limitada e dolorosa.


A decisão de executar as invertidas exige alguns cuidados para garantir que a prática seja executada de forma correta:


  • Asanas invertidos só podem ser praticados após três horas e meia da ingestão de alimentos;

  • Não é indicada a realização da prática após execução de exercícios físicos vigorosos;

  • Utilizar mantas ou tapetes para o apoio no solo;

  • Manter a postura por poucos segundos inicialmente e aumentar o tempo de permanência gradativamente;

  • Após a execução é importante descansar em Shavasana (postura do cadáver), até que os batimentos cardíacos voltem ao normal;

  • Normalizados os batimentos cardíacos, realizar as posturas de compensação indicadas;

  • Evitar a prática junto à móveis e obstáculos, permitindo que em caso de queda, ocorra o amortecimento com os pés.

*Em caso de desconforto, a prática deve ser imediatamente interrompida*


É interessante observar que no Protocolo Comum do Yoga, publicado pelo Ministério de Ayurveda, Yoga e Naturopatia, Unani, Siddha e Homeopatia (AYUSH) do governo da Índia, em 2016, com objetivo de promover a conscientização geral entre as pessoas e a comunidade para obtenção da harmonia e paz através do Yoga, há menções à algumas posturas semi-invertidas, mas não às invertidas completas.


A obsessão pela prática do asana invertido completo se dissolve quando se compreende os passos que compõem a prática do Yoga como um todo. Entre as normas de conduta que formam os yamas e nyamas; a grande gama de outros Asanas a serem praticados; a distribuição de energia vital por meio das diferentes técnicas de Pranayamas; os estágios mentais de Pratyahara, Dharana e Dhyana a serem atingidos; os asanas invertidos compõem apenas um ínfimo passo rumo ao Samadhi.


Mantenha sua prática, de forma saudável, equilibrada e compatível com seus limites!


Om Shanti


Referências

SARASWATI, Swami Satyananda. Asana, Pranayama, Mudra, Bandha. Bihar School of Yoga, 2020.


Ministry of Ayurveda, Yoga & Naturopathy,Unani, Siddha and Homoeopathy (AYUSH). Common Yoga Protocol. Índia, 2022.


https://catracalivre.com.br/saude-bem-estar/esta-postura-de-yoga-e-ligada-a-risco-maior-de-derrame/



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