O Yama de hoje, para o qual conduziremos nossa reflexão é o quarto Yama do Yoga Sutra de Patanjali. O que é Brahmacharya? O significado da palavra está vinculado à compreensão de Char, que é mover-se e de Brahma, a divindade hindu, o Deus Brahma, a verdade essencial. Podemos, então, compreendê-lo, como algo que se refere a caminhar em direção do Sagrado, ou seja, em direção à nossa própria essência.
Ao praticá-lo estamos trabalhando com a moderação dos sentidos, em busca da libertação dos desejos e das dependências e, assim como em todos os Yamas e Nyamas, estamos nos entregando ao caminho do Samadhi, a comunhão com o Universo. A moderação dos sentidos nos remete ao cuidado e preservação de nossa energia vital, seu uso adequado e adoção de hábitos desvinculados dos exageros. É não se deixar dominar pelos impulsos.
São muitas as circunstâncias nas quais estamos frente à frente com o desafio de colocar Brahmacharya em dia. Vejamos algumas delas:
Continência à mesa Manter-se contido à mesa é um hábito saudável e afinado com o Brahmacharya. Podemos experimentar de tudo, mas não precisamos comer, literalmente, tudo! Uma fatia fina de um bolo já adoça o paladar, é uma amostra de todas as camadas que o bolo tem a oferecer já sacia a vontade de experimentá-lo.
Preservação da Energia Sexual Tradições mais radicais vinculam Brahmacharya ao celibato. O Yama em si não condena a prática sexual, mas conduz ao entendimento da sexualidade como algo de grande potencialidade energética. Reforça a importância da não promiscuidade e da fidelidade e incentiva a prática do sexo tântrico. Muito propagandeada entre nós como algo de extremo erotismo, o tântrico nada mais é, do que a prática do sexo não automático, de maneira profunda, comprometida, respeitosa e controlada, conduzido à longa duração. O Brahmacharya não se utiliza de imposições, negação, austeridade, mas da preservação do equilíbrio, do não extremismo.
Excessos, de forma geral É bem frequente utilizarmos aqui no Brasil a expressão: tudo que é demais faz mal! O Brahmacharya segue essa noção de uso da nossa energia. Então, diversões, trabalho, comida, sono, sexo, ou até mesmo o uso excessivo da palavra, irá consumir muito de nós, da saúde de nosso organismo. Ao consumir demais, é necessário eliminar o excesso e recuperar a energia desperdiçada durante o consumo e sua queima. O controle dos impulsos conduzirá ao hábito e ao consumo mais consciente e isso é saudável para nós, nosso ambiente e nossos relacionamentos.
Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas
(Paulo, 1 Coríntios Cap.6, Vs. 12:)
A vida em equilíbrio é Brahmacharya e ela nos desacorrentará das dependências. Cada um, ao refletir consigo mesmo, saberá identificar o que lhe prejudica pelo excesso e dosar de maneira adequada ao próprio ritmo tudo que lhe estimula ao prazer, afinados com a própria essência e em direção ao Sagrado.
Vejo vocês no próximo post, até lá!
Om Shanti.
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