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Foto do escritorVanice Jeronymo

ENTRE DECEPÇÕES, FANTASIAS E ILUSÕES: YOGA, TAO, MTC E CHI KUNG COMO INSTRUMENTOS NO ALÍVIO À DOR


O Real não é triste nem alegre. Nem claro nem escuro. Nem bem nem mal. Não é riqueza nem miséria... Mas é tudo isso também, porque suas aparências o são. E são porque nós acreditamos nelas.


(Prof. Hermógenes)


***

O Buda ensinou o caminho do meio. Ora, os sentimentos existem para ser vividos, todos sem exceção. Isso é lei da natureza. Mas, se algum é exacerbado, essa abundância é dor.


(Marco "Atma Deva" Raposo)



Como vimos nos posts anteriores, o Yoga, aplicado sob a forma de yogaterapia, se constitui como uma, entre outras técnicas terapêuticas, que podem atuar como instrumento alternativo aos tratamentos baseados na medicina convencional, na cruzada contra doenças do corpo, da mente e do espírito. O Yoga, já sabemos, é um processo de evolução da consciência individual no qual se dá a unificação com a Consciência Suprema e que durante o qual se caminha em direção à libertação do sofrimento.


O sofrimento humano, como também já visto, é explicado no Yoga por vínculos, causas e deficiências diversas. Ao estudarmos Moksha (libertação) e Kleshas (obstáculos) percebemos que muitos dos sofrimentos humanos são gerados por expectativas, confusões, acusações, fantasias e promessas que conduzem ao poço da dor, seja esta física, mental ou espiritual.


O sofrimento é caracterizado pelos pensamentos aflitivos e dolorosos decorrentes do estado de ilusão, Maya. Ignorâncias sobre o que se é em essência e dificuldades em aceitar a realidade como ela se apresenta, além das afetações sobre o discernimento acerca das questões que realmente importam, tornam turvas as capacidades de avaliação sobre o efêmero, o prazer, a manipulação, a pureza e a corrupção.


O ego também tem papel importante na formação do sofrimento, pois ele pode ser o criador das confusões, pode favorecer o desenvolvimento de sensações de superioridade, orgulho, obsessão, arrogância, soberba, autoconfiança excessiva. Nesse cenário, criam-se expectativas que, quando não correspondidas, geram decepções, fantasias, ilusões.


As aversões às coisas que nos remetem à dor, as confusões entre prazeres efêmeros com felicidade verdadeira e os medos sentidos para enfrentar os desafios trazidos pela vida podem ser como caminhos de pedras e espinhos, que culminam em dores diversas, pois, retenções emocionais facilmente se transformam em perturbações físicas, mentais ou espirituais.


O Yoga, prática milenar de origem indiana, portanto, dispõe ao praticante uma gama de conhecimentos úteis à harmonização do corpo, da mente e do espírito, na qual se associa respiração, posturas e meditação, rumo à libertação dos sofrimentos por meio de melhores compreensões acerca de situações vividas, livrando-se das expectativas, ilusões e fantasias, que, muitas vezes, resultam em frustrações e decepções.


Nesse sentido, o Yoga atua na manutenção do equilíbrio das energias e das ações e, assim, se mostra afinado com os conceitos filosóficos do Tao, definidos pelo Taoísmo (filosofia e religião chinesa que apregoa o viver dos seres humanos integrados à natureza), e regidos pelo o que Buda chamou de o caminho do meio, ou seja, aquele que não é extremo, nem para mais e nem para menos. Nem para a euforia e nem para a amargura.


O Tao está ancorado no conceito do vazio, no qual tudo é possível. É o caminho natural, aquele se se sobressai na natureza, é algo que está presente e que emerge naturalmente no momento e na forma como tem que ser. É formado pela complementariedade das energias opostas contidas em Yin e Yang. Trata-se de um conceito complexo e difícil de compreender, pois requer a aceitação de que tudo é impermanente, de que os fenômenos não acontecem por coincidência, mas por intermédio de um caminho cíclico, de continuidade.


Entende-se que é necessário manter uma certa impessoalidade e afastamento da ideia linear de estar posicionado, obrigatoriamente, no ponto central que se dá entre o bem e o mal, entre o bom e o ruim, ou na indiferença às questões que nos afligem. No conceito de Tao, não é importante posicionar-se aqui ou ali ou ignorar os sentimentos, mas atuar com ponderação.


O taoísmo trabalha com a manutenção da energia denominada Qi, que representa a energia vital de cada um, de onde emana um princípio de dinâmica que conduz ao equilíbrio entre corpo e mente. Foi a partir da cosmologia taoísta que se originou a Medicina Tradicional Chinesa - MTC - regida pela oposição e complementaridade das forças Yin e Yang que assim como o Yoga, trabalha o equilíbrio do estado energético do ser.


A MTC baseia-se na integração e interação do ser humano com a natureza, para que se obtenha saúde e prevenção de doença e para que o estado de saúde esteja sempre em harmonia. O estado de saúde se correlaciona com o equilíbrio entre os cinco elementos tratados na MTC (madeira, foto, terra, metal e água) e entre os dois aspectos opostos advindos de Yin e Yang, além da teoria dos meridianos, que representam os canais energéticos do corpo.


Esse equilíbrio se torna responsável pela harmonia entre corpo, mente e espiritualidade. Contudo, as doenças surgem quando se rompe essa harmonia, trazendo comprometimento ao funcionamento do organismo. A MTC se utiliza de técnicas diversas para atuar sobre o indivíduo, que envolvem acupuntura, fitoterapia, entre outras, e irão atuar sobre motivos internos (raiva, mágoa, tristeza, preocupações, alegrias) e/ou externos (fatores climáticos, vírus, bactérias), além dos que mesclam e envolvem as duas condições (alimentação inadequada, envenenamentos, traumatismos, e outros) e que se configuram como meios de alteração da fisiologia.


Nas artes corporais chinesas, encontra-se também o Chi Kung ou Qi Gong que é uma entre outras práticas voltadas ao controle e alteração da energia vital, chi, que está dentro de cada um. Nela, os praticantes buscam a manutenção do chi e assim, por consequência, suas longevidades físicas e mentais.


Os diferentes tipos de Chi Kung são compostos por sequências de exercícios, que com o passar do tempo, foram condensados de 12 para 8 posturas formadoras das sequências do Baduanjing, que pode ser traduzido do chinês como "as oito peças do brocado", fazendo referência à perfeição, suavidade e beleza das tramas da seda.


Nesta técnica, a sequência é repetida diversas vezes, de forma sincronizada com a respiração. Entre os benefícios atribuídos à prática de Chi kung, estão o alívio ao estresse e ansiedade; melhorias na postura, flexibilidade e equilíbrio; manutenção do equilíbrio emocional e energético durante o cotidiano.


Pois bem, se as aflições, angústias e decepções que acometem frequentemente o ser humano são muitas, e o carregam para níveis profundos de tristezas e desânimos, há de se encontrar o equilíbrio e acolhimento de outras maneiras. Um primeiro passo pode ser dado a partir do difícil exercício de tentar compreender de forma diferente as coisas que entristecem, alterando o ponto de vista e os mecanismos de defesa aos quais se está acostumado utilizar.


O Yoga e as diferentes técnicas aqui apresentadas favorecem essa busca, estimulam a abertura de novos caminhos e desbloqueiam energias que, estagnadas, apenas fazem adoecer e atrasar o desenvolvimento pessoal.


Experimente e pratique Yoga. Desbloqueie e avance!

Om Shanti.


É preciso afastar as plantas aquáticas que cobrem o poço, sem o que não pode ser vista a água que elas escondem.


(Prof. Hermógenes)











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