A perfeição é alcançável no presente, com aquilo que já temos a sorte de ter
(Stephan Sturgess)
O Yama de hoje, Asteya, é o terceiro de Patanjali. Remete ao conceito “não roubar”. A ideia está relacionada às apropriações indevidas, materiais ou não. Quando evocamos Asteya, podemos nos referir ao roubo material, intelectual e um dos mais possíveis de incorremos sem perceber: o roubo do tempo alheio.
Roubos materiais e intelectuais são facilmente identificados. São aqueles que ocorrem quando nos consideramos donos de algo material ou imaterial: um objeto, uma propriedade intelectual ou qualquer coisa que pertença a outra pessoa. São objetos não devolvidos, roubos intencionais, ausência de menção aos autores de textos, livros, músicas, etc. Pode ser ainda o desejo de ser ou ter a vida de outra pessoa, roubar seus relacionamentos.
Podemos considerar também a apropriação indevida do tempo alheio. Isso acontece quando, por exemplo, deixamos alguém a nossa espera. De forma não intencional, ocorre quando chegamos atrasados por problemas inesperados. Mas, a conduta pode já ter sido incorporada como hábito, e então, torna-se uma ação demasiadamente nociva para a convivência cotidiana. Ao contrário dos roubos materiais ou intelectuais, que podem ser recuperados ou retratados, não temos como remediar o roubo do tempo alheio, é uma perda irrecuperável. Outros tempos virão, mas aquele foi definitivamente perdido. São muitas as circunstâncias em que podem nos transformar em ladrões.
Asteya também pode ser definido como a falta de cobiça. Nesse sentido, Stephan Sturgess, autor do livro Meditando com o Yoga, Tranquilize a Mente e Desperte o Seu Espírito Interior, faz uma definição bastante interessante:
Praticar asteya significa não ansiar ou desejar ardentemente o que não nos pertence. O desejo, a inveja e a ganância nos mantêm continuamente olhando para o futuro em busca da realização, em vez de compreender que a perfeição é alcançável no presente, com aquilo que já temos a sorte de ter.
Praticar Asteya nos liberta do fardo e do sofrimento de desejarmos coisas que não nos pertencem. Ao praticarmos esse Yama conseguimos ser gratos e felizes com a condição alcançada. Podemos, inclusive, abrir mão do que não precisamos, para equilibrar a distribuição dos recursos e contribuir para a construção de um coletivo melhor.
Sempre cabe a reflexão.
Vejo vocês no próximo post, até lá!
Om Shanti.
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