INICIAMOS NOSSA JORNADA!

Com uma vida tão curta, com uma fonte de energia tão pequena, é simplesmente estupidez desperdiçá-la com tristeza, com raiva, com ódio, com ciúme. Aproveite a vida com amor, aproveite-a fazendo algo criativo, com amizade, com meditação. Faça com sua energia algo que o eleve. E quanto mais alto for, mais fontes de energias estarão disponíveis para você. No ponto mais elevado da consciência, você alcança a eternidade.

(Osho)

Esse é o post inaugural do Sotapanna Yoga. A partir de hoje, semanalmente, publicaremos nossos artigos, abordando diversos temas que tratam do bem-estar, da qualidade de vida, da saúde e da espiritualidade. Uma sequência de artigos que falam sobre os oito passos do Yoga está sendo preparada. A cada semana, todas as quartas-feiras, às 12h, um artigo será postado, abordando cada aspecto específico da vereda do Yoga.

Mas isso não é tudo. É apenas o início de uma jornada. Àqueles que nos acompanharem regularmente, terão o privilégio de serem presenteados com um pouco do que conhecemos e já vivenciamos sobre os temas de nossos artigos. Não somos nenhuma autoridade indiscutível em questões de bem-estar, qualidade de vida, saúde e espiritualidade. Nossa intenção é apenas compartilhar a vida e o que ela nos oferece como possibilidades de aprendizagens para a evolução da consciência.

Nesse primeiro post, a beleza da vida é o nosso tema. Sim, a beleza da vida. Quando olhamos ao nosso redor, nesses tempos sombrios, onde a mentira teima em prevalecer sobre a verdade, onde todos os tipos de misérias, agressões, ameaças e violências parecem querer se perpetuar, a dúvida de que a vida é bela, pode nos tomar de assalto e nos lançar na insegurança, no medo e na descrença. Mas não podemos perder a fé na beleza da vida e, tampouco, abandonar o compromisso de ver a beleza na vida.

Acompanhe o artigo. Se ele tocar seu coração, compartilhe conosco suas impressões. Convidamos que participe do Sotapanna Yoga. Um abraço fraterno!

***

A BELEZA DA VIDA. ONDE ELA ESTÁ?

Quem julga as pessoas, não tem tempo para amá-las.

(Madre Teresa de Calcutá)

Conta-se que, certa vez, Madre Teresa, andando pelas ruas de Calcutá, observou que, em meio a um monte de excremento de vaca e toda a imundície que havia ao redor, uma flor havia desabrochado. Uma linda flor. Fato ou não, o certo é que Madre Teresa dedicou toda a sua vida auxiliando os doentes, os desvalidos e indigentes que se amontoavam nas ruas geralmente imundas da cidade de Calcutá. Madre Teresa, nesse gesto de compaixão e caridade, levando o mínimo de decência e dignidade a essas pessoas, nada mais havia feito do que enxergar a beleza da vida onde poucos conseguem ver algo bom ou verdadeiro, caso sejam capazes de olhar.

Falemos um pouco da beleza. A beleza não se restringe a um conceito que os filósofos inventaram para julgar as coisas do mundo. Beleza não é estética. Não é disso que estamos falando aqui. Beleza não é aquilo que nos agrada pessoalmente. Não é um ideal. Beleza é a própria existência. Não há diferença entre beleza e existência, pois o mundo é belo apenas pelo fato de existir, como dizia Santo Agostinho. E como propôs Aristóteles: a beleza é uma propriedade imanente à vida, mas que por não ser vista, pelas nossas infinitas sobreposições, oculta a natureza plena e integral dos seres.

A beleza, assim, é um dos três fundamentos da existência. Os outros dois são a bondade e a verdade. Madre Teresa viu a beleza num cenário estarrecedor, pois seu coração estava impregnado de bondade e verdade. A bondade, expressa em seus atos de compaixão pelos semelhantes; a verdade, manifestada na sua intenção de libertar da dor e do sofrimento todos aqueles que podia acudir. Porque dor e sofrimento são apenas circunstâncias. Somente se perpetuam se não somos capazes de ver a beleza da vida e agir conforme a bondade e a verdade nos instigam.

A beleza, portanto, é um atributo da alma, pois somente podemos ver a beleza que se oculta no mundo com os “olhos” da alma. Não tente ver a beleza da vida com os olhos do corpo; esses podem apenas ver o que a cultura, a sociedade e a educação dos sentidos nos ensinaram sobre um conceito de beleza, estruturado em linguagem filosófica. Mas a vida não pode ser definida em termos de conceitos. Podemos descrever a vida, mas conceitua-la é uma pretensão descabida que, em todos os sentidos, nos aparta da realidade da própria vida.

Temos que ir além do conceito de beleza se, de fato, queremos ver a beleza da vida. E se quisermos ir além, há de se fazer como Ludwig Wittgenstein, e rompermos com a linguagem morta (o conceito), situado cultural e historicamente e enraizado em uma tradição. O conceito encerra, determina, persuade; mas não dá uma resposta definitiva para a vida. Pois a vida, assim como a beleza, não cabe em palavras. Não se conceitua a vida; se vive.

Madre Teresa foi além. Ela teve a ousadia e a coragem de ir além. Em um cenário decadente, de misérias e corpos em putrefação espalhados pelas ruas, Madre Teresa enxergou a beleza da vida: ela viu a bondade e a verdade ocultas naquele cenário horripilante aos olhos do corpo. Porque a beleza da vida somente pode emergir quando a bondade e a verdade também emergem. Não se pode ver a beleza da vida sem que a bondade e a verdade estejam presentes. Para isso, a consciência precisa ascender até o domínio da alma.

Se por um único instante pudermos ver a beleza da vida; ver a vida sem os emaranhados e sobreposições da nossa mente condicionada por tantos conceitos e preconceitos; quando isso acontecer, não mais seremos os mesmos. Seremos transformados. Mas há de se ter ousadia e coragem para ver além das aparências. Deve-se permitir que a consciência ascenda ao domínio da alma. No tempo de Jesus, dizia-se que quem olhasse diretamente em seus olhos, não permanecia mais o mesmo. Porque ali, naqueles olhos, refletia-se a beleza da vida.

Ousemos, pois, encontrar a beleza, em nossas vidas.

Hari Om Tat Sat.