A etimologia da palavra yoga remete ao sânscrito e deriva da raiz yuj que significa "atrelar, ligar, unir". A partir daí podemos ter várias compreensões sobre o que significa yoga, dentre as quais nos parece possível formar uma ideia de comunhão entre corpo, espírito, Divino, consciência, vida, universo!
O yoga surgiu há cerca de cinco mil anos atrás, como uma criação de Shiva, personagem mitológico do hinduísmo. Shiva, o “auspicioso”, é a representação do ser humano perfeito, e teria sido a partir da sua dança, igualmente perfeita, que ele teria desenvolvido as posturas corretas para se atingir um estado de consciência diferenciado.
Shiva criou o yoga como uma forma dos seres humanos se libertarem de sofrimentos físicos e psicológicos, e elevarem-se à plataforma espiritual. Ele nos ensina que a vida, orientada de acordo com os desejos do coração, não precisa ser temida, mas vivida com alegria, amor e devoção.
Mas a codificação do yoga, ou seja, a compilação dos aforismas denominados sutras, está vinculada às civilizações que se fixaram às margens do rio Indo, em uma região do sul da Ásia, onde hoje estão localizados Índia, Paquistão, Afeganistão, Nepal, Maldivas, Bangladesh e Sri Lanka, e onde vivia, no passado, o povo drávida.
Extremamente evoluídos em termos de conhecimento e organização, esses povos deixaram indícios de que o filósofo e sábio intelectual da época, Patanjali, teria ali vivido por volta do século II d. C. e elaborado uma compilação de todo o conhecimento e experiências originados das práticas do yoga.
Patanjali, então, reuniu toda essa sabedoria milenar em um texto denominado Yoga Sutras, composto por 196 princípios elementares, que descrevem de modo sucinto e direto, o caminho para a liberação do indivíduo das amarras do sofrimento. Formado por um sistema óctuplo, a teoria é apresentada em quatro capítulos que discorrem sobre oito temas: Yama, Nyama, Ásana, Pranáyáma, Pratyahara, Dharana, Dhyana e Samadhi.
Embora os indícios sobre a existência de Patanjali não sejam precisos, a organização do sistema de Yoga a ele atribuída foi a que mais se destacou dentre todas as escolas que existiram nos primeiros anos da Era Cristã. Esta versão, mais tarde batizada Yoga Sutras de Patanjali ou Yoga Clássico, se tornou reconhecida como o sistema oficial da tradição.
É interessante observar que estudiosos detectaram muitos paralelos entre o Yoga de Patanjali com o Budismo e que isso tenha ocorrido, talvez, pela simultaneidade do desenvolvimento das duas filosofias ou devido à influência que o Budismo pode ter exercido sobre Patanjali, uma vez que esse era um sistema filosófico bastante forte e influente na época.
Os oito caminhos ou oito passos apresentados pelo Yoga sustentam toda a sua filosofia. Cada um trará à luz ensinamentos importantes para seguirmos conscientes pelos caminhos da vida, e em cada um dos passos poderemos observar normas e modos de condutas que nos visam contribuir com um viver mais autêntico e, como consequência, nos trarão segurança nos momentos de escolhas cotidianas e tomadas de decisões. São eles:
Yamas: são normas de convivência que o praticante de Yoga procura seguir para que se estabeleça a harmonia entre eles e o ambiente a sua volta.
Nyamas: são normas de convivência que o praticante de Yoga procura seguir para que se estabeleça a harmonia entre eles e o ambiente a sua volta.
Ásanas: constituem as posturas físicas que envolvem força, equilíbrio, flexibilidade necessárias ao corpo são.
Pranáyámas: distribuição da energia vital (bioenergia) pelo organismo por meio da respiração.
Pratyahara: controle dos sentidos para a estabilização e tranquilização da mente.
Dharana: desenvolvimento da máxima concentração.
Dhyana: o estado meditativo.
Samadhi: Iluminação, comunhão com o Divino.
A cada semana traremos um pouco sobre cada um dos passos, seus significados e possibilidades para as aplicações práticas no nosso cotidiano de forma a estimularmos o desenvolvimento da harmonia e da serenidade em nossas vidas!
Sintam-se convidados à reflexão e à investigação sobre os aspectos da vida!
Om Shanti.
Muito interessante o texto, fazendo ver que a prática do yoga vai muito além das posturas físicas, atuando também como ferramenta para tornar a mente mais serena, nos ajudando a lidar com o cotidiano, as dificuldades da vida. Adorei a leitura!