A sílaba gu significa sombra,
A sílaba ru, aquele que dissipa.
Devido ao poder de dissipar a escuridão,
Assim é chamado o guru.
(Advayataraka Upanishad)
A tarefa do guru é expor a essência dos ensinamentos sagrados a todos aqueles que, com fé e determinação, o procuram para serem iniciados na disciplina espiritual do yoga. Para tal disciplina é necessário praticar. O guru é aquele que pratica aquilo que ensina, pois é a prática que leva à perfeição; ele transmite o conhecimento da tradição por meio da experiência direta na relação guru-discípulo (parampara)
O guru, além de ensinar e instruir as pessoas, portanto, forma grupos de discípulos que podem tornar-se futuros sucessores da tradição do yoga (sampradaya). Ele faz um trabalho sistemático e permanente como educador, transmitindo de modo ativo e intencional a cultura do yoga. O guru não guarda segredos ou faz mistério sobre os ensinamentos, pois o seu propósito é passar adiante o conhecimento e alcançar o maior número de pessoas que possam se tornar adeptos da tradição.
O guru ensina os preceitos do yoga, esclarece, “ilumina” os que o buscam. A relação do guru com seus discípulos é próxima e duradoura. Assim, o sucesso do guru depende da sua experiência, do quanto ele conhece e do quanto ele sabe transmitir suas mensagens. A tarefa do guru termina quando ele transmite com sucesso a sua mensagem.
O guru transmite os ensinamentos dos textos sagrados como o Bhagavad Gita, o Brahma Sutras e os Upanishads, que são fundamentais para direcionar os praticantes e discípulos ao conhecimento acerca da Verdade e da Realidade. O guru conhece, por experiência direta, a validade desses ensinamentos, e ele estimula os adeptos para alcançarem a mesma dádiva que ele alcançou.
Os ensinamentos do guru, portanto, vão além da realização de asanas. É necessário uma disciplina diária (sadhana) para que a prática seja constante e duradoura (abhyasa), e que envolva comportamentos, atitudes, estudo e reflexão, técnicas de relaxamento, domínio da energia vital (prana) e o desenvolvimento da concentração, que conduz à contemplação e culmina com a comunhão (yoga) com o Ser Supremo.
Diz a tradição do yoga que “quando o discípulo está preparado, o guru aparece”. Ou seja, antes de sair à procura de um guru, aqueles que estão em busca de conhecimento e elevação espiritual, podem e devem iniciar a sua jornada por si mesmos. E quando, por experiência própria, estiverem aptos a “ouvir mais do que falar” e “acreditar mais do que duvidar”, então, o guru surgirá.
O guru, por fim, não exige que ninguém alcance a perfeição; ele apenas confere confiança para que as expectativas sejam abandonadas, que a prática se torne regular e constante, que a fé seja inabalável; ele ensina a viver, sem nada impor; ele não dá o mapa ou aponta o caminho; ele apenas ensina a florescer, sejamos nós uma rosa, um Lotus ou uma margarida.
Hari Om Tat Sat.
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