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Foto do escritorMarcelo Augusti

RAJA YOGA

Atualizado: 10 de fev. de 2023



Quando se alcança a concentração plena, aquele que percebe Purusha repousa tranquilo em seu próprio estado imutável

(Patanjali)



Como sabemos, yoga é o processo de unir o Humano ao Divino, a Terra ao Céu, a consciência individual à Consciência Universal. O Ser Supremo, em sua infinita compaixão e sabedoria, provê aos seres humanos, diversas vias de acesso ao yoga. Assim, cada indivíduo tem à sua disposição, variados meios e métodos para o cumprimento da meta mais elevada da vida humana: a união da alma com o Ser Supremo.


As quatro principais vias de acesso ao yoga, descritas no Bhagavad Gita, são: Karma yoga, Jñana yoga, Raja yoga e Bhakti yoga. Vamos acompanhar cada uma delas com mais detalhes.


Raja yoga

Raja yoga é o caminho da meditação. Todo conhecimento tem, como pressuposto, a insofismável relação entre verdade e realidade. É pela experiência direta entre sujeito/objeto que o conhecimento é revelado em sua essência, livre de toda aparência. A prática da meditação é o que promove a experiência direta do sujeito com o objeto.


Raja yoga visa a experiência direta com a Realidade Suprema. A Realidade Suprema pode ser conhecida por qualquer pessoa que assim desejar com sinceridade de propósito. Pois o conhecimento da Realidade se assenta na experiência daqueles que perceberam e sentiram, em si e por si mesmo, na prática da meditação, a verdade que a eles se revelava.


Logo, há verdades que foram reveladas à humanidade, ao longo dos tempos, e que formam a base de uma experiência universal. Tais verdades foram e ainda são reveladas a todos aqueles que as buscam, pois, a única condição é estar disposto a “conhecer por si mesmo”.

Todo conhecimento sobre a espiritualidade provém da experiência direta de pessoas comuns que se tornaram Mestres da Humanidade. Todos esses mestres tiveram contato com o Divino, viram suas próprias almas, viram o futuro dessas almas e sua eternidade e, o que viram, pregaram com disposição e sabedoria.


Mas ouvir sobre a divindade, a alma e a eternidade não é o mesmo que experienciar a divindade, a alma e a eternidade. Ninguém que se diz religioso ou espiritualista, sem passar pelas mesmas experiências dos mestres de outrora, pode-se outorgar como portador do conhecimento da Verdade e da Realidade.


Sim, pois a todos, em qualquer época ou lugar, as mesmas experiências estão disponíveis. São experiências universais, das quais emergem o saber direto das fontes cristalinas do conhecimento. Não há mistérios, nem segredos. Quem faz do acesso ao conhecimento um segredo, não tem boas intenções.


Raja yoga é a ciência que nos ensina a alcançar as experiências necessárias ao conhecimento direto das fontes sagradas do saber. Trata-se de um método de investigação prático e cientificamente elaborado para alcançar a verdade da realidade.


Raja yoga desenvolve a habilidade de observarmos, com toda atenção e concentração, os conteúdos da mente, a nossa natureza interna, nossos pensamentos, sentimentos e emoções. É a via de acesso ao yoga que nos fornece os meios adequados para a atenta observação de nosso mundo interior.


O instrumento utilizado pelo Raja yoga é a própria mente, que será conduzida ao mundo interior para se auto observar, se analisar e iluminar os fatos. Raja yoga, portanto, é o meio e o método de observação minuciosa da mente e, para tanto, requer treino constante e esforço dedicado.


A tradição do yoga nos ensina que a mente está conectada ao corpo. Na maioria das pessoas que vivem com suas mentes voltadas ao mundo exterior, a mente fica subjugada ao domínio das necessidades mais básicas do corpo: comer, beber, acasalar, dormir, proteger-se.


Essas pessoas não tem quase nenhum controle nem sobre seus corpos e tampouco sobre suas mentes, e talvez sequer saibam da existência de uma mente. Mas a mente não é um instrumento do corpo: ela é, antes de tudo, um instrumento da alma.


Embora a mente esteja conectada ao corpo, ela deve permanecer sob o controle da alma. É fácil perceber a conexão entre corpo e mente: quando a mente se agita com alguma emoção, o corpo reflete essa agitação, seja expressando alegria, tristeza, raiva ou frustração.

Assim, desconectar a mente do corpo para elevá-la ao nível da alma é o primeiro passo na técnica do Raja yoga. Isso somente é possível quando a mente passa a ter o domínio sobre o corpo. Esse domínio da mente sobre o corpo é conquistado pela prática de asanas.


Quando o corpo se aquieta e não mais perturba a mente, então, é possível à alma o controle da mente. A mente, sob o domínio e controle da alma, se torna o instrumento que abre o caminho para o conhecimento da Realidade. Mas de que Realidade estamos falando?


Quando a mente está sob o controle da alma, podemos conhecer a essência da nossa natureza interior. Ou seja, descobriremos, por nós mesmos que, em nossa natureza interior, há algo que se revela como eternamente puro e perfeito.


Quando a verdade da realidade pode ser alcançada pela experiência própria, então a própria experiência se torna conhecimento. Quando a verdade da realidade se revela a nós, como pura e perfeita, não há mais o que temer, não haverá mais sofrimento.


Sofremos pela ignorância em buscar fora de nós, aquilo que já somos interiormente. Tememos a morte do corpo, mas nossa alma é eterna; desejamos a paz e a felicidade e as buscamos avidamente no mundo exterior; mas já somos paz e felicidade.


Todo ser humano tem o direito e a capacidade de buscar o conhecimento de si mesmo. Basta, para isso, dedicar-se. O objetivo da ciência do Raja yoga é descobrir a Unidade da qual provém toda a diversidade. Trata-se de revelar o Uno que se manifesta como muitos.

Assim, Raja yoga nos possibilita a percepção clara e direta, por nós mesmos, se temos ou não temos alma, se a vida é finita ou eterna, se existe ou não um Deus. Tudo pode ser revelado pela via da meditação.



Que direito tem um homem de dizer que possui uma alma, se não a sentiu, ou que há um Deus, se não O viu? Se há um Deus, devemos vê-Lo; se há uma alma, devemos percebê-la; do contrário, melhor não crer. E’ preferível ser um ateu confesso que um hipócrita.

(Swami Vivekananda)



No próximo post, falaremos sobre Bhakti yoga. Aguardem!




Hari Om Tat Sat.





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