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Foto do escritorVanice Jeronymo

SAMADHI, O ESTÁGIO FINAL DO CAMINHO ÓCTUPLO


A mente límpida e cristalina conduz ao estado da consciência perfeita e mais completa.


Samadhi


A palavra samadhi se origina do sânscrito, sam, que tem seu significado vinculado ao entendimento de algo perfeito e completo. Dhi, significa consciência. Em samadhi, portanto, a consciência está completa, imersa no Ser, no Eu Divino. Nesse estado, há a naturalidade do estado meditativo, pois este torna-se tão único para o Ser que não se tem mais a percepção da individualidade, nem tampouco a consciência de que se está meditando. Tudo está perfeito, completo e em comunhão.


Assim, ocorre a expansão da consciência que, se afastando do Eu enquanto corpo físico, enfraquece o ego. O pesquisador Georg Feuerstein explica:


Assim como a concentração, quando suficientemente aguda, conduz à absorção da meditação, assim também, quando todos os "turbilhões" ou "flutuações" (vritti) da ordinária consciência desperta são perfeitamente contidos pela prática da meditação, sobrevém o estado de êxtase (samâdhi). Portanto, a concentração, a meditação e o êxtase são fases de um processo contínuo de desconstrução ou unificação da mente.


O estado extático, ou seja, aquele no qual o indivíduo encontra-se em êxtase, como explica o autor, é algo difícil de ser descrito. É o auge de um processo extenso de disciplina mental. Desta forma, Feuerstein adverte sobre entendimentos que ele considera equivocados sobre esse estado. Transe auto-hipnótico, imersão na inconsciência, estado esquizofrênico induzido por meios artificiais, todos esses e mais alguns termos são consideradas pelo autor rótulos e formas inadequadas de mencionar ou descrever o estado em samadhi.


Nesse raciocínio, o samadhi se coloca como um fenômeno compreendido não por um estado único, mas por uma larga variedade de estados e o alcance de tal condição valida absoluta lucidez mental e não se relaciona com lapsos de inconsciência. Samadhi verdadeiro é guiado pela supervigília e seus vários estados, ou suas etapas, não seguem em direção à diminuição da consciência, nem da diminuição do ser humano, mas sim, segue rumo a uma realidade e um bem maiores.


Samadhi é um estado extraordinário, no qual se tem uma espécie de "sensação" de comunhão entre o sujeito e seu objeto de contemplação, acompanhada de um sentimento de felicidade, de existência, vinculados ao nível de êxtase no qual o praticante se encontra.


A elaboração feita por Patanjali da fenomenologia dos estados de samadhi no Yoga-Sutra sugerem dois grandes gêneros: o êxtase consciente e o êxtase supraconsciente, ambos fundamentados na vinculação ou não do praticante yogin com a forma do objeto de que ele mentaliza ao meditar.


Quando discorre sobre o estado meditativo, Osho - o guru indiano - o aborda como o estado de não-mente do praticante. Ele explica que o termo não-mente, ao mesmo tempo que significa iluminação, libertação, imortalidade, não carrega a complexidade de tais significados, e desta forma não repele o indivíduo por medo ou pelo preconceito com tais entendimentos. Assim, torna-se, portanto, um termo mais simples e atrativo.


Em Samadhi, a pessoa encontra-se inabalável no sentido de não ser atingida por sentimentos de ganância, ciúmes, raiva. Se não há identificação com tais sentimentos, o indivíduo não se deixa afetar por eles. Ao contemplá-los sem que se identifique com eles, o indivíduo os enfraquece, não os nutre com seus pensamentos, não lhes dá vitalidade. Mina a existência desses sentimentos com sua absoluta desnutrição, uma vez que consegue observá-los sem lhes dar crédito. E assim, lentamente, o indivíduo inicia o afastamento de seus pensamentos, tornando-se distante e alheio a eles, como se aquilo (os sentimentos destrutivos) estivessem ocorrendo com outra pessoa e não ele mesmo. Desta forma, não há a conexão com eles, apenas a contemplação.


A mente mantida em repouso está cheia de energia, sensível e pronta para ser ativada quando acionada. Assim o praticante se fortalece, sem que necessite estruturar-se nas lógicas argumentativas para impor ideias, pois estará, naturalmente, amparado pela organização e cristalinidade de seus próprios pensamentos.



Om Shanti



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