O segundo Yama de Patanjali, Satya, nos lembra que o melhor caminho a seguir é aquele que indica a conduta de acordo com a verdade. Aqui, devemos compreender verdade como aquilo que desvela a realidade, aquilo que somente se oculta na falta de discernimento. Uma conduta baseada na verdade significa coerência e imparcialidade diante dos fatos da vida; é ver as coisas como elas são, sem as sobreposições das preferências individuais.
A realidade segue o fluxo do Universo: ora se expande e se mostra claramente, ora se retrai e se oculta. Essa dinâmica faz da realidade algo inesgotável e misterioso e é nisso que se encontra a verdade a ser desvelada. Satya, portanto, é a conduta que objetiva revelar a verdade que subjaz nas aparências; a verdade revelada nada mais é do que a própria manifestação do Divino. Por não lembrarmos da realidade tal qual ela é em si mesmo, é que vivemos mergulhados no mundo das aparências, esquecidos da verdade que se ora se oculta, ora se manifesta; por não percebemos essa dinâmica da vida, permanecemos presos às ilusões das aparências.
Se os Yamas, como vimos anteriormente, são as normas de convivência seguidas pelos praticantes de Yoga para que a harmonia se estabeleça entre eles e o ambiente a sua volta, Satya, é fundamental nessa empreita!
Praticar o Satya é trazer a verdade como hábito em nosso cotidiano, em quaisquer circunstâncias.
Viver a verdade, quando ela se desvela é, antes de tudo, um compromisso pessoal que assumimos com nós mesmos. Quando assim fazemos, nosso comportamento perante os demais, será consequência dessa postura. Para isso, é importante, que se deem reflexões sobre nossas escolhas, nossos caminhos e sobre a relação que há entre o que fazemos da nossa vida e o que acreditamos ser em nossa essência.
Satya é algo maior do que não proferir mentiras. Para cumprir com esse Yama, é necessário evitar informações confusas, incompletas, tendenciosas, conformismos e manipulações. Basta ter posicionamento claro e agir de acordo com ele.
Praticá-lo pode envolver enfrentamentos e dificuldades e Satya exige que tenhamos coragem e determinação. Isso não significa a imposição de nada sobre os demais. Mas, com eles e conosco criarmos uma interação saudável!
A verdade nos liberta do medo e da mendicância por aceitação, reverência, atenção, afeto, aprovação. Uma vez libertos dessas necessidades, compreenderemos que as coisas que nos dão segurança e nos fazem realmente felizes estão dentro de nós, e nos importará apenas a nossa própria aprovação sobre nossas escolhas. Satya não recai no egoísmo, tampouco na indiferença, mas antes de tudo, no respeito e na conduta amorosa com todos os seres e a própria natureza.
Ainda que se tenha a intenção de causar boa impressão e se opte por criar um cenário de ilusões sobre o que se é verdadeiramente, esse esforço será em vão, pois a realidade em sua essência despontará, assim como as montanhas o fazem quando as nuvens se dissipam. Portanto, a dedicação trará melhores frutos se empreendida sobre o hábito de praticar a verdade, pois garantirá experiências significativas e a recompensa será a tranquilidade, revertida em nosso benefício e a todos que nos acompanham na jornada da vida.
Na próxima semana os convido, caros leitores, a refletirem sobre o terceiro Yama: Asteya!
Om Shanti.
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