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Foto do escritorMarcelo Augusti

UMA VIAGEM EXPLORATÓRIA AO MUNDO INTERIOR


E somente naquele extraordinário silencio que não tem fronteiras, nem fundo, nem altura, nem medidas, apenas neste imenso silencio, se sabe a origem e o princípio de todas as coisas

(Jiddu Krishnamurti)



O consumo de energia física e psíquica que utilizamos para as mais diversas tarefas cotidianas, geralmente, beira ao total desperdício. Nos debruçamos em nossos anseios e preocupações, corremos para solucionar nossos conflitos e aflições, e absorvemos quase toda a nossa energia em experiências de discórdia e sofrimento.


Mesmo quando nos entregamos aos prazeres da vida, colocamos nessas atividades uma intensidade tão elevada de energia que, ao final, nos sentimos esgotados e incapacitados até mesmo para usufruir do descanso: sem forças, tombamos como um poste de concreto e apagamos, até que a “bateria seja recarregada” e um novo ciclo de desperdício se inicie.


Assim, seguimos em frente com a nossa vida, com as coisas do “mundo exterior” nos envolvendo, absorvendo, nos consumindo em sua diversidade e multiplicidade de manifestações; dissipamos a maior parte de nossa energia física e psíquica com coisas que não nos trazem paz, amor e felicidade – embora as procuramos avidamente no “mundo exterior”.


Pode parecer que esse tal “mundo exterior” é o grande vilão ou culpado pelas nossas tristezas, frustrações e sofrimento – ainda que, vez ou outra, nos conceda algum conforto, prazer e alegria. Depositamos nele todos os nossos sonhos e desejos, consumimos nisso a nossa energia, até não sobrar mais nada; e assim como a mais linda flor, um dia tão viçosa, e que se murcha ante o tempo, nosso corpo envelhecerá e se desintegrará.


Mas acreditar que o “mundo exterior” é o que nos causa dor e sofrimento, é um grande equívoco; ele está aí para ser desfrutado plenamente. O que parece fazer desse “mundo exterior” um depósito de aflições – uma luta insana entre o “bem e o mal”, são as coisas que se ocultam em nosso “mundo interior”: nossos medos e tendências, nossos traumas e a nossa sombra mais tenebrosa.


São essas coisas ocultas que, de modo inconsciente, projetamos no “mundo exterior”; assim, quanto mais tenebrosa é a sombra que nos persegue, mais difíceis, dolorosos e insuperáveis são os obstáculos que projetamos no “mundo exterior”. Tão sombrio é o “mundo interior”, assim será o “mundo exterior”: refletimos “lá fora” o que carregamos “aqui dentro”.


Logo, se não enxergamos a luz em nós mesmos, como a veremos fora de nós? Se não encontramos a paz e o amor em nós mesmos, como os encontraremos fora? Se não percebemos a beleza da vida e a felicidade em nosso interior, como as perceberemos no exterior?


Se desejamos uma vida plena de paz, amor e felicidade, necessário se faz empreender uma viagem exploratória ao nosso “mundo interior”. Para isso, entretanto, há de se ter coragem, muita disposição e paciência; temos que ser honestos, verdadeiros e despojados, pois tal tarefa não será fácil: a “viagem ao interior” nos revelará coisas desagradáveis de nós mesmos, e desnudada será nossa intimidade mais secreta.


Esse “ir para dentro de si mesmo” implica em uma atenção total, algo penetrante e lúcido; não há lugar para crenças ou dogmas, sentimentalismos ou emoções. Para ir longe no “mundo interior” e desvendar os seus mistérios mais ocultos, há de se ter uma grande devoção pelo autoconhecimento; e para isso, não existem fórmulas, apenas equilíbrio, discernimento e uma percepção cada vez mais aguçada de si mesmo.


Autoconhecimento é desvendar o enigma: “o que está dentro, está fora; se está lá fora, é porque está aqui dentro; se não está dentro e nem fora, não está em lugar algum”. Parece complicado. Mas não é. Vejamos um exemplo: ao observamos o pôr-do-sol, em uma tarde típica de outono, se não percebemos a exuberância dessa magnífica manifestação da natureza, tal experiência, este acontecimento singular, se tornará apenas mais um, como outro qualquer, sem nenhum significado.


Olhamos e não vemos; vemos, mas não enxergamos. O pôr-do-sol da tarde exuberante de outono está lá, na nossa frente, diante de nossos olhos; então, por que não o enxergamos, apesar de olhar e vê-lo? Enxergar é clara percepção, é descortinar, distinguir. Se não percebo claramente a beleza que sobressai diante de mim, se tal beleza não me sensibiliza, é porque o meu “mundo interior” está envolto em sombras, e a luz nele não resplandece.


A viagem ao “mundo interior”, para trazê-lo à luz e iluminar o nosso "mundo exterior", se faz pela meditação. É pela meditação que chegaremos ao princípio da dor e do prazer, da tristeza e da alegria; se formos sinceros, dignos e decentes com nós mesmos, a meditação nos conduzirá ao próprio princípio da vida, o lugar dentro de nós onde nos encontraremos com “nós mesmos”, com a verdade e a realidade absoluta da existência.


A meditação é um estado extraordinário de consciência, onde todas as parcialidades se dissolvem: nos tornamos aptos a ver claramente aquilo que somos, nossa essência divina, em sua totalidade mais abrangente. Porém, para penetrarmos profundamente em nós mesmos, é necessário que iniciemos essa jornada a partir de um minucioso e completo exame de consciência, que nos levará à compreensão de si mesmo.


Esta compreensão de si mesmo passa, necessariamente, pelo conhecimento de todas as complexidades da mente, dos segredos do nosso coração, dos nossos desejos secretos e das nossas expectativas e esperanças; esta é a base que temos que estabelecer - a compreensão honesta e lúcida de si mesmo - se quisermos avançar nesta “viagem para o interior”.


Se tal base não for estabelecida, estaremos apenas a nos enganar; estaremos deslizando na superfície, artificiais como sempre. E a meditação, nesse caso, servirá apenas como uma fuga da realidade, uma atividade que, momentaneamente, nos fará esquecer da monotonia, da vulgaridade e da feiura que enxergamos no cotidiano, e da repetitividade dos prazeres.


Muitas pessoas esperam, com a meditação, ganhar algo, ter algum tipo de experiência sensível extraordinária. Mas isso não é meditação. Tais experiências se conseguem com métodos de autossugestão que, ao se gerar um estado hipnótico, as pessoas passam a ter visões, ouvem vozes, sentem-se tocadas, excitam-se  – mas tudo isso não passa de suas próprias projeções mentais, aquilo que se oculta no fundo de suas experiências passadas, seus temores e seus condicionamentos.


Compreender a si mesmo é observar clara e atentamente os nossos pensamentos, nossos sentimentos, o modo como realizamos as atividades cotidianas, nossos impulsos e reações emocionais, o jeito de falar e nosso gestual característico, como interagimos com as pessoas, os animais, as plantas e a natureza como um todo, como se constroem nossas relações afetivas e sociais, as culpas que sentimos, a vergonha que carregamos, e os muitos meios de fuga – e nossas indulgências – que adotamos para nos aliviar das “pressões da vida”.


Se, de fato, queremos investigar o nosso “mundo interior”, a fonte e origem de todas as coisas, o princípio da vida, temos que sair da superfície, deixar a periferia e penetrarmos nas profundezas do ser para, somente assim, alcançarmos o centro vital da nossa existência.


Esta “viagem exploratória ao mundo interior” necessitará do máximo de nossa energia física e psíquica, toda nossa força e potência; para isso, talvez teremos que deixar nossos hábitos, mudar nossa atitude perante a vida. Temos que lançar fora todo orgulho, arrogância e vaidade, e estarmos dispostos ao contínuo aprendizado: pois, meditar, não é galgar degraus, não é uma meta a cumprir, chegar a algum objetivo; trata-se de um constante “subir e descer”, cair e se levantar, sempre aprendendo, se autoconhecendo.


É no “mundo interior” que encontraremos a Verdade, o Real, o Imperecível, o Absoluto, o Infinito, a Eternidade e a Suprema Bem-aventurança que, quando revelados, nos possibilitarão a plenitude no “mundo exterior”; isto é aquilo que unicamente deveríamos dar atenção e nos dedicar a conhecer em nossa breve passagem pelo mundo fenomênico.


Hari Om Tat Sat.

 

 

Existe um lugar onde todas as coisas começam, um lugar de pura energia, que simplesmente "é". Nessa incubadora quântica da realidade, todas as coisas são possíveis. Nosso sucesso pessoal, nossa abundância, a cura de nossas falhas, nossas carências e doenças, nossos maiores medos e desejos mais profundos, absolutamente tudo tem início nesse "caldo" potencial. O princípio para dominar esse lugar de pura energia é ter o conhecimento de que ele existe, compreender seu funcionamento e usar uma linguagem que seja reconhecível. Como arquitetos da realidade, tudo fica à nossa disposição nesse local onde o mundo começa: o espaço puro da Matriz Divina, o receptáculo que contém o universo, a ponte que interliga tudo e o espelho que mostra todas as nossas criações (Gregg Braden)

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