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Analândia, SP, s/d.
Acervo: Vanice Jeronymo
FRANCISCO DE ASSIS
Francisco de Assis foi uma das figuras católicas mais carismáticas que existiu. Nasceu no século XII na região da Úmbria, em Assis, Itália. Batizado Giovanni di Pietro di Bernardone, e posteriormente adotou o nome Francisco. Era filho de Pica Bourlemont e Pietro Bernardone, conceituado comerciante de tecidos local.
Cresceu no ambiente comercial dos negócios da família, sem ser educado para a erudição. Desfrutou dos prazeres da juventude, de suas belezas e alegrias. Na juventude tornou-se cavaleiro e dedicou-se à poesia dos trovadores, arte que despontava no sul da Europa. Integrante de família financeiramente próspera e bem relacionado com os jovens filhos dos aristocratas, Giovanni di Bernardone tinha acesso às armas, às viagens, aos banquetes, aos jogos e lutas. Era um jovem popular de natureza alegre, afetuosa e misericordiosa. Relatos sobre seu arrependimento no trato com um mendigo atestam sua natureza:
"Certa vez, um mendigo miserável entrou no estabelecimento de seu pai e suplicou pelo amor de Deus uma pequena esmola. Francisco tratou-o com ira e o mandou embora. Mas logo lamentou sua própria rudeza e ficou tão arrependido que seguiu o mendigo pelas ruelas, encontrou-o e presenteou-lhe o dobro."
Durante o período de crise política em Assis, no qual a nobreza foi perseguida pela população, Francisco foi levado para Perúgia e mantido em cárcere por um ano. Após sua libertação, voltou à vida de excessos em Assis até que ficou gravemente doente. Nesse momento, sua percepção começou a ser aguçada sobre o que a vida de prazeres constantes poderia lhe trazer em termos de tranquilidade interior. Ainda assim continuou a trilhar seu caminho como cavaleiro, líder e aventureiro.
Teria sido durante os preparativos para lutar a serviço do Papa, no sul da Itália, sob o comando do conde Gualtério de Brienne, que Francisco ouviu o chamado de Deus e alterado radicalmente seu comportamento e seus objetivos, deixando sua família e amigos perplexos com sua mudança.
Francisco passou a exibir um comportamento introspectivo, pensativo, enigmático e reflexivo. Elegeu a pobreza como companheira de vida.
"Ao se lembrar dolorosamente de que o homem nada mais é que peregrino e hóspede efêmero nesta Terra, errando entre a vida e a morte sem jamais ter segurança de posse alguma, lançou-se no seio de Deus com renovado desejo de amor e, a partir de então, empenhou-se apenas em encontrar o caminho para a vida por meio da simplicidade e do ardor de seu coração."
Assim, passou a ser visto em vida solitária ou em companhia de pobres, miseráveis e leprosos, aos quais dedicou-se ofertando a eles atenção e carinho, ao mesmo tempo que era chamado de louco por seus familiares e antigos amigos.
Peregrinou por Roma e percebeu que a salvação não estaria ali junto ao luxo da cúria papal. De volta a Assis, nas ruínas da Capela de São Damião, divorciou-se integralmente de seu passado, fortalecendo-se contra as humilhações, zombarias e maus tratos que sofria, sobretudo de seu pai, devido às suas escolhas. Iniciou uma nova vida baseada apenas na confiança em Deus. Entretanto, foi capturado e espancado pelo pai, e julgado pelo tribunal religioso por suas ações que iam contra os costumes. Durante seu julgamento, após ser deserdado, Francisco teria se despojado de todas as roupas e totalmente nu, professou ser pertencente apenas a Deus.
A partir de então, encontrou a paz e a liberdade que tanto desejava, pois os eventos externos não mais o abalavam.
Perambulava como mendigo em sua cidade sem mais se importar com a perplexidade ou agressividade das pessoas direcionadas a ele. Dedicou-se à obtenção de recursos, ainda que em forma de esmolas, para recuperação da Capela de São Damião, em ruínas. Ofereceu consolo aos corações aflitos, compartilhou cantos e poesias. Entrou em comunhão com as belezas naturais, com as árvores, as flores, os animais, as águas, as nuvens. Ele aceitava a vida e a morte como irmãs, integradas à natureza do mundo. Assim, via Deus em todas as manifestações naturais. Sem enfraquecer, até durante os momentos mais difíceis, seguiu seu caminho.
Depois de concluir a reconstrução da capela, Francisco se voltou para a restauração da igreja de Porciúncula, local que se tornou especial para ele, para o qual voltava sempre que podia em busca de silêncio e inspiração.
Passou a pregar mais amplamente a palavra de Deus, onde quer que visse pessoas reunidas, de forma simples sem a erudição dos livros e doutores da Igreja, e submetido com prazer a quem precisasse.
Junto com seus discípulos, obteve a bênção do papa Inocêncio III para seguir seu caminho fora dos padrões habituais da Igreja e isso lhe garantiu maior popularidade e aumento de seguidores.
A imagem de Francisco foi perpetuada pelos séculos seguintes como a representação da bondade, do respeito à natureza, das ações com simplicidade.
Sua morte ocorreu em 3 de outubro no ano de 1226, em Porciúncula:
" E, no momento em que ele se foi, uma grande revoada de cotovias baixou no telhado de seu casebre, entoando sonoro canto."
Fonte consultada:
Hesse, Hermann. Francisco de Assis. Rio de Janeiro. Record, 2019.
Serra da Canastra, SP, 2015. Acervo: Marcelo Augusti
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